Caro Leitor,
Hoje de manhã, olhei rapidamente as notícias do dia e esbarrei em um vídeo no youtube. Minha intenção aqui não é comentar o vídeo em si, mas somente uma frase do autor: “O mercado é o maior produtor de bens e serviços. O Estado não produz nada. É apenas um conjunto de burocratas que atrapalha o mercado”. Admito que possa ter subtraído, de forma não intencional algumas palavras, mas acredito ter captado a essência do discurso. De fato, fiquei em dúvida se deveria ou não criar uma postagem sobre esse tema. É um assunto cabuloso e não tenho intenção de criar polêmica. Contudo, gostaria de tocar em alguns pontos. Cabe ao Estado brasileiro produzir bens e serviços? Eu diria que sim. O Estado brasileiro produz bens e serviços, independente da qualidade destes? Sim. É fato que poderia fazer mais e com maior eficácia. Mas quem é esta entidade, o Estado brasileiro? Se aceitarmos: (1) Estado é ineficiente na sua atuação; (2) o Estado é formado por um conjunto de burocratas e (3) os burocratas, por sua vez, são pessoas como meu vizinho, algum amigo, um parente etc; não configura a premissa de que o empenho e comportamento do servidor público, que são pessoas, seria o problema? Em resumo, o problema não seria o Estado, mas as pessoas?
A intervenção do Estado moderno na Economia surge a partir da depressão da década de trinta do século passado. O Estado interveio para reparar os próprios danos causados pelos princípios capitalistas reinantes na época. Recentemente, tivemos outro exemplo da intervenção do Estado estadunidense, decorrência da crise de 2008.
Uma análise detalhada dos efeitos da crise nas instituições financeiras norte-americanas e os motivos que acarretaram o fechamento de diversas, assim como, o papel do Estado no revigoramento de bancos e econômico por ser visto em Richardson (2007) - Categories and causes of bank distress during the great depression, 1929–1933: The illiquidity versus insolvency debate revisited. Explorations in Economic History, 44(4): 588-607.
Sobre a intervenção do Estado brasileiro na Economia, vale a pena ler o artigo de BAER et al. (1973). O artigo está disponível em sua íntegra em
http://www.ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/viewFile/213/147
É interessante notar que, em tempos de fartura, o discurso da não interferência apresenta-se com maior interncidade, sendo o inverso observado em épocas de crise.
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